sábado, 30 de outubro de 2010

CAPITULO 2 - 1994 (CONTINUAÇÃO)

-Fala dudinha!E aê já conseguiu enrrolar teus pais?Não esquece que a galera faz questão que tu vá...Assim que entrou na sala de aula,ela foi abordada por um de seus amigos,o Júnior.Meio sem graça porque não havia pensado em nenhuma desculpa em potencial para enganar seus pais,ela apenas sorriu e replicou:-Calma juninho,essas coisas precisam de tempo,se não você já sabe né?Em seguida deu uma risada e foi colocar a bolsa na cadeira.Normalmente as coisas transcorreram naquela manhã,a ansiedade de Eduarda só aumentava.No almoço,todos estavam sentados à mesa,seu pai,sentava na ponta(costume herdado do seu pai)demontrava sentado alí.ser o ''chefe da casa''.A mãe,sentava na outra ponta,gostava de se sentir autoritária e assim era,tanto quanto o marido,ou mais em algumas situações.Vivian,sua irmã mais velha,sentava próxima ao pai do lado direito da nesa.Vivian raramente parava em casa,com seus 24 anos,pretendia se emancipar logo logo,falara aos pais de um aconchegante apartamento que ela encontrou na região central da cidade onde moravam.-Vou morar com umas amigas papai,tipo uma república entende?E outra,com as meninas dividindo o apê,as despesas vão ser menores papai.-tudo bem filha,eu só acho que talvez pessoas demais possam atrapalhar seus estudos,mas se você prefere assim,eu apoio sua decisão.-Não vai dizer nada mamãe?-Não seja incoveniente Vivian,você já sabe minha opinião a respeito desse assunto,não queira forçar a barra,não vou mudar o que penso,você sabe como eu sou.Disse dona Janice com um tom aspero e seco.Dona Janice não aceitava a ideia de ter sua filha longe de casa,por ela,seus filhos viveriam na mesma casa onde cresceram pelo resto da vida,ela fazia o tipo de mãe super protetora e queria ter o controle dos seus filhos sempre.Minutos de silêncio e Eduarda quebra aquele gelo com uma tentativa não bem sucedida de enganar seus pais.-sabe pai,eu tava...-Mamãe você precisa aceitar que já não sou mais uma criança,e que mais dia menos dia isso iria acontecer.Vivian enterrompe Eduarda com um desabafo contido há dias.Novamente o silêncio pairava sobre aquela família.Olhares decepcionados e frustrados se cruzavam naquela mesa.-Não brinque com a comida pedro.Essa foi a ultima frase dita naquele almoço.Depois disso só se ouvia o barulho dos talheres nos pratos. 

sábado, 23 de outubro de 2010

CAPITULO 2 - 1994 (CONTINUAÇÃO)

Eduarda foi dormir explodindo de felicidade,a sua felicidade era tamanha que mal cabia dentro dela mesma.Em seus sonhos,ela viajava para o futuro imaginando cada cena,cada palavra dita,cada gesto e movimento,os mais simples que fossem,ela sonhava tudo detalhadamente.Mergulhada em outro mundo,ela mantinha-se afogada por uma enxurrada de sonhos bons,e se pudesse,não acordaria nunca mais.As horas se passaram e Eduarda tinha que levantar e continuar sua rotina.Como já era de praste,ela desceu as escadas,comprimentou os pais,tomou um suco,comeu alguma coisa e saiu.Durante sua caminhada para escola,no seu ''discman'',as batidas ritmadas do Skank penetravam seus ouvidos,dando-lhe a gostosa sensação de que nada fugiria ao seu controle,e que talvez ela conseguiria enfim estar perto o bastante de quem mais a interessava.Com passos lentos,Eduarda curtia cada segundo daquela caminhada,o vento suave que batia levemente em seu rosto deixando seus cabelos lisos,planando no ar,a cada passo que ela dava eles se movimentavam de um jeito perfeito. As breves,porém belíssimas árvores que enfeitavam seu caminho,davam um tom de felicidade ao rosto daquela garota,que não a em lugar nenhum,um dia seu perfeito mundo desmoronar.

sábado, 18 de setembro de 2010

CAPITULO 2 - 1994 (CONTINUAÇÃO)

Passado o perigo eminente,ela foi então em direção a porta da sala, estava decidida que iria terminar aquela noite em qualquer outro lugar exceto em casa.Ainda com roupa de dormir,Eduarda caminhava pela rua,sem saber pra onde iria.No caminho esbarrou e caiu por cima de alguns sacos de lixo deixados na rua.Embora ela pensasse ter andado vários quilômetros,não tinha passado sequer da esquina da sua rua.Voltou então sentindo suas pernas pesarem,seu corpo a puxava para o chão e ela lutava para continuar caminhando até a casa,ou melhor,até seu quarto.Eduarda se afogou nos lençóis de sua cama e demorar muito,foi acometida por um sono profundo.As horas se passaram e ela continuava a dormir,seus cabelos cobriam o rosto, e o semblante dela era como o de uma criança doce e ingênua.Abria os olhos vagarosamente e procurava um relógio,que marcava 15:00 hrs e acusava:Um dia de aula perdido.Algo estranho acontecia com seu corpo, seus olhos pesados demais impediam-na de ver o que estava ao seu redor,sua cabeça pulsava,pesava,doía.Sintomas caracteristicos de uma ressaca muito forte.Isso tudo fora o seu estômago que parecia ter sido moído dentro dela.Frente a frente com o espelho,Eduarda olhava um tanto quanto impressionada os hematomas da noite anterior e puxava em sua memória algum traço de lembrança que a fizesse recordar como teria adquirido-os. E a pessoa do outro lado do espelho,não correspondia com a imagem que aparecia,uma expressão forte,abatida,uma expressão de doença terminal se espelhava no corpo de Eduarda.Um banho frio quebrava o aspecto sujo que ela aparentava ter,a água turva descendo pelo ralo,levava embora o primeiro segredo desastroso dela.O primeiro,porém não o único.Uma nova manhã e Eduarda acordava mais disposta do que nunca,o seu entusiasmo era visível e notavelmente exagerado diga-se de passagem.Agarrou a mochila e saiu,desceu as escadas,tomou um suco rapidamente e foi para escola.Chegou lá eufórica,despejando sorrisos pelos corredores onde passava.Durante toda a manhã,risinhos e troca de bilhetinhos,a manhã não poderia estar melhor,pensava Eduarda.Quando de súbito,chega em suas mãos um bilhetinho com um rabisco quase ilegível,e o melhor de tudo foi de quem ela recebeu.O carinha não a olhava direito durante o decorrer do ano,exceto hoje que ele à olhou fixamente nos olhos por alguns segundos e tocou sua mão quando passou o bilhete.Eduarda parou.E nada gritava mais alto que as batidas do seu coração,destraída ao máximo,foi preciso o professor parar,chamar seu nome para que ela retornasse a sala de aula,pois parecia que Eduarda estava em outro lugar.Sem mais demora,ela abriu o bilhetinho e leu:A galera ta marcando de ir viajar...tu vai?:D'.O sim de Eduarda quase saiu como um grito alegre,eufórico e entusiasmado naquele momento.Milhares de coisas passavam em seus pensamentos,detalhes eram pensados meticulosamente,mas no primordial ela não pensou.Como iria sair de casa sem que seus pais a impedissem?Nesse detalhe ela ainda não havia pensado.

sábado, 21 de agosto de 2010

CAPITULO 2 - 1994 (CONTINUAÇÃO)

Em meio a goles e mais goles de uma mistura de bebidas,Eduarda experimentava pela primeira vez a sensação de estar bêbada,nada agradavél por sinal,quando a latinha de ''Coca-Cola'' onde ela havia misturado as bebidas estava a dois dedos do fim,ela não tinha mais consciência do que fazia,seus sentidos não correspondiam ,seus membros não obedeciam mais aos seus comandos,sua visão estava manchada como um filtro de café após o uso,mas Eduarda queria mais,apenas a sensação de estar bêbada não a satisfazia completamente e por isso ela foi mais além.Então saiu e desceu as escadas da casa onde morava,uma casa não tão simples pois sua família tinha ''cacife'' para esbanjar alguns luxos,por mais que fossem poucos.Quando Eduarda estava quase no fim da caminhada pela escada,o que parecia praticamente impossível devido ao estado em que ela se encontrava,ela se desequilibrou e caíu degraus abaixo,sem ter  mais nenhum vestígio de lucidez,ela se levantava ainda tonta da queda.Enfim acabaram-se os degraus,agora a batalha seria chegar até a porta da sala,um caminho um tanto quanto longo e por vezes Eduarda esbarrava em algum móvel da sala.Antes de sair,ela foi onde seu pai guardava as bebida e afanou-lhe uma garrafa de conhaque que ainda se mantinha intácta e lacrada e nesse espaço de tempo,ela comete um deslize e derruba um copo.Seu estado de embriaguez era tão alto que ela fazia para si mesma o gesto de silêncio,seguido de alguns tapas no rostos e diversas gargalhadas.Já era tarde da noite e o copo que ela tinha derrubado quebrava o silêncio e também o sono do seu pai,que andava sonolento para ver o que tinha acontecido,Eduarda se escondeu espremida entre os canos da pia e os produtos de limpeza,pela brecha da portinha ela vía seu pai mexer nos armários e se controlava o máximo para não explodir as risadas contidas fortemente pela suas mãos que tapavam sua boca.

terça-feira, 10 de agosto de 2010

CAPITULO 2 - 1994.

15 de Agosto de 1994.Marcos era um adolescente comum,boas notas,não usava drogas,era educado enfim o filho perfeito,pelo menos aos olhos de sua mãe que mostrava seu filho para suas amigas mais como um troféu do que como um ser humano e seu filho o que era mais importante.Eduarda 17 anos uma jovem completamente fora do padrão,usuária de drogas,rebelde,a maior parte do tempo estava drogada e quando não,usava seu corpo como ferramenta para ganhar dinheiro e comprar mais drogas.Induzida por más companhias,aquela jovem garota que poderia ter um futuro brilhante,jogava tudo no lixo por um prazer momentâneo que a droga lhe proporcionava.Marcos e Eduarda,duas vidas completamente distintas e sem chance alguma de um dia se cruzarem,o que eles não sabiam era que o destino preparou para ambos uma surpresinha nada agradável.

CAPITULO 1 - Lembranças, apenas lembranças. (CONTINUAÇÃO)

Ainda no carro,o celular toca e Eduarda atende com um certo receio a ligação,que para seu alívio era apenas a sua secretária confirmando seus compromissos na segunda,de volta para o seu apartamento ela remexe as gavetas do armário na cozinha, procurando o que para ela era como uma válvula de escape,uma solução momentânea para os seu problemas,em uma mão um cigarro na outra dois comprimidos de um calmante que tinha como efeito colateral provocar um sono profundo no indivíduo que o ingerisse.Em uma última tragada,Eduarda abandonava o cigarro no cinzeiro em cima da mesinha ao lado da cama.Ela preferia induzir seu sono a ter que ficar esperando ele chegar e nesse meio tempo ficar pensando no tal telefonema.Ela só queria terminar o dia mais rápido,talvez aquela não fosse a melhor maneira mais ela precisava se excluir do mundo nem que fosse por algumas horas.Em seu escritório,pilhas de relatórios como sempre,e pela primeira vez em anos de trabalho como editora chefe ela agradecia por ter tantos afazeres.Naquele momento sua secretária entrava na sala trazendo em suas mãos um pequeno papel verde,no qual tinha um recado que parecia ser inofensivo, ao ler o que estava no papel Eduarda parou por alguns instantes e novamente o medo invadia os sentimentos de Eduarda.No bilhete o seguinte recado:
       EU SEI O QUE VOCÊ FEZ E VOCÊ SABE.
    QUEM EU SOU NÃO INTERESSA AGORA
      ME ESPERE HOJE NO SEU APARTAMENTO
     E NÃO ADIANTA FUGIR  DE MIM SEMPRE SEI
         AONDE VOCÊ VAI ESTAR.... B.

domingo, 8 de agosto de 2010

CAPITULO 1 - Lembranças, apenas lembranças. (CONTINUAÇÃO)

Na tarde de domingo Eduarda olhava ao seu redor e nada via além de móveis e objetos,e o apartamento que antes parecia pequeno se tornava enorme por conta do vazio e da solidão que se  estampava  em cada centímetro daquele cubículo.Tragando intensamente um cigarro ela parecia estar procurando fôlego,ar,oxigênio a cada tragada e quando soltava o que havia tragado não era uma fumaça comum era um alívio,um refúgio ou simplesmente um grito abafado de desespero.E dentro do seu íntimo ela sabia o que tinha de ser feito,porém não fazia,talvez houvesse medo de voltar ou a vontade não fosse suficiente ao ponto de fazê-la voltar e tentar concertar o que tinha deixado no passado.O telefone toca e Eduarda ainda debilitada por conta da ressaca,dirige seu corpo lentamente para sala onde o telefone toca insistentemente.- Alô? - Que-Quem fala?...  - Quem é você?Um frio inesplicável subiu da ponta dos dedos de seus pés até a sua cabeça,quase sem voz ela ainda tentava pronunciar alguma palavra.Suas tentativas foram em vão,quando enfim ela conseguiu falar o outro alguém na linha havia desligado.Atônita Eduarda não raciocinava,pegou a chave do carro e saiu.Para onde não se sabe,nem ela mesma sabia.Andava em círculos pelas ruas de Amisterdã.O passado voltara de vez e queria puxá-la de volta,mas ela lutava o quanto podia,mesmo sendo uma disputa desigual e mesmo ela sabendo quem iria vencer...